10 outubro 2017

[Resenha] Alquimia da Tempestade e outros poemas - D.G. Ducci

Título: Alquimia da Tempestade e outros poemas
Autor: D.G. Ducci
Páginas: 105
Editora: 7Letras
ISBN: 9788542104578
Ano: 2017

Sinopse: "Alquimia da Tempestade" não é uma obra de ficção, como nos diz o próprio autor, ao final do livro: trata-se de uma quase-autobiografia poética. O que diferencia esta obra de outras tantas coletâneas de poemas são as pistas deixadas, ao longo das páginas, de que se trata de uma jornada no estudo de poesia, na qual mescla-se o Romantismo ao clássico Árcade (“Eu, querida, não sou aventureiro” / “Eu, Marília, não sou algum vaqueiro”), ou à homenagem aos dois amores do soneto 144 de Shakespeare em “Dúbio guerreiro”. A maturação do poeta leva à alquimia de uma tempestade.


Vamos falar de poesia mais uma vez?
E que surpresa maravilhosa com Alquimia da Tempestade, que leitura maravilhosa!
A habilidade de um poeta em permitir que seus poemas sejam interpretados livremente e ainda assim tenham tanto significado para ele é simplesmente algo magnífico e uma habilidade para se ter orgulho.
A partir do momento que se conta algo para alguém, mas não restringe essa pessoa àquilo que você vivenciou e sim permite ao leitor nadar por suas próprias águas, o poeta abre um espaço muito maior pra sua obra explorar e fazer parte do “ser” do leitor.
Como o autor mesmo nos diz logo de cara e como ultima linha do livro: “A Alquimia não é uma obra de ficção... trata-se, de fato, de uma quase autobiografia poética.”. Com isso sabemos que ali se conta uma história com fundamentos verdadeiros, com sentimentos sinceros, a verdadeira essência de um poeta.
São poemas como “Noite”, que fazem parte da Alquimia, que nos fazem perceber a fragilidade, a força, a entrega, enfim, o sentimento do poeta e sua simplicidade, humano como todos nós, frágil como qualquer outro ser na terra.

Noite
Não ouso mais, à hora de dormir,
pousar meus olhos sobre a noite adentro,
pois busco inspiração e poesia,
e não recordações do meu tormento!
Mas há como escapar do seu açoite,
se a cada hora mais circula o vento,
e o vento, circulando como um louco,
me faz rememorar a dor presente?
A bruma então me abraça, me acalenta...
em sopro de calor me escapa a vida,
desnudo meu pesar num beijo quente
e imploro à escuridão que não me agrida.
                E no temor de cada anoitecer,
                notei que a Morte um dia irá viver!


Quando a poesia é livre, quando a poesia permite ao leitor se inserir na história do poeta e ao mesmo tempo permite que o poeta esteja na história do leitor, é quando se pode ter certeza de que tornar os sentimentos algo claro e perceptível não é de forma alguma se expor, ou ser visto como vulnerável, pois essa conexão é o que mantém a humanidade nos eixos.

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