Autora: Nana Pauvolih
Páginas: 384
Editora: Essência
ISBN: 9788542209716
Ano: 2017
Atenção: Essa resenha pode conter expressões que
são consideradas inapropriadas para menores de 18 anos.
Sinopse: Todos
nós éramos pecadores. Somente uma coisa diferenciava um pecador: as escolhas.
Saber o certo e escolher seguir pelo caminho errado em vez de fazer o que era
correto. Fechei os olhos. Apesar de tudo que tinha feito naquela noite, não me
arrependi. Era pecado, era perdição, mas também era mais do que eu já tinha
sonhado em ter. ––– Entre a rígida criação religiosa e o desejo que sempre a
consumiu, Isabel precisa se encontrar. Casada há quatro anos com Isaque, seu
namorado de adolescência, a jovem sabe que a relação está longe de ser
satisfatória. Mas é só quando Isaque fica amigo de Enrico, um publicitário
solteiro e bem-sucedido, que a situação começa a ficar insustentável.
Agnóstico, sem amarras e cheio de mulheres, Enrico é tudo o que Isabel acredita
rejeitar, mas ela não consegue deixar de se sentir interessada pelas histórias
que o marido conta dele. Para piorar, ela consegue um emprego na agência dele,
e agora terá de passar os dias ao lado do homem que traz à tona seus
sentimentos mais proibidos. Neste novo romance, Nana Pauvolih, uma das maiores
autoras de romances eróticos do país, mostra que o certo nem sempre precisa ser
aquilo que é imposto, e sim aquilo em que se acredita.
Nana Pauvolih simplesmente consegue
transformar seus leitores em dependentes de sua escrita, após três livros lidos
da autora eu precisava desesperadamente de mais. Claro que quando foi divulgado
que mais um livro vinha por aí, dessa vez pelo selo Essência da editora Planeta
de Livros, fiquei louca para ler o mais rápido possível. Por isso ainda na
pré-venda garanti meu exemplar de Pecadora.
Em Pecadora vamos acompanhar a história de
Isabel, uma jovem de 22 anos, filha de pais muito religiosos e radicais (seu
pai é pastor), que desde sempre aprendeu que deveria sempre ser submissa e não
questionar nenhuma das decisões que o pai tinha sobre sua vida. Porém, sua irmã
do meio, Raquel, sempre foi contra essas imposições e era considerada a ovelha
negra da família.
Por serem muito próximas, o maior receio
dos pais era que os pensamentos “pecaminosos” de Raquel contaminassem a ingênua
Isabel. Mas a gota d’agua foi quando Raquel revelou que estava grávida e foi
expulsa de casa, por não se casar e nem revelar quem era o pai do bebê. Tudo
isso fez com que os pais delas se empenhassem mais em casar Isabel o mais
rápido possível e com isso aos 18 anos, Isabel se casou com Isaque, rapaz de
sua igreja.
Mas três anos depois percebemos que a vida
de Isabel é muito mais de aparências. Ela não se considera uma pessoa realizada
na vida, apesar do amor e carinho do marido, na cama nada funciona. O
relacionamento deles é baseado em que só as necessidades do homem devem ser
saciadas, sem contar que esses momentos entre eles são muito sem graças e
Isabel não tem qualquer tipo de prazer com isso.
A protagonista ainda vive se culpando,
pois na tentativa de satisfazer seus desejos, busca pelo prazer assistindo
vídeos eróticos e com a masturbação. Mesmo assim a todo momento Isabel se sente
culpada, pois devido a sua criação sabe que está cometendo um pecado. Mas como
nada e fácil, Enrico entra em sua vida.
Colega de futebol do marido de Isabel,
Enrico pode ser considerado o pecado da luxúria em pessoa. Coleciona mulheres e
nem precisa se esforçar para isso, elas quase que literalmente caem aos seus
pés. Isaque admira muito Enrico, mas sabe que o estilo de vida dele é muito
depravado e até tenta evangeliza-lo. Mas Enrico é agnóstico irredutível e
apesar de respeitar a religião de Isaque, não quer saber de tentativas para lhe
converter.
Quando os caminhos de Isabel e Enrico se
cruzam é um choque de realidades. Isabel a princípio acha a libertinagem dele
um absurdo, mas quando fica frente a frente com o moço, sente aquela fraqueza
nas penas. Já Enrico não consegue entender como aquela mulher, com roupas
cobrindo praticamente todo seu corpo e que lhe dá a maior pagação na frente de seus amigos, mexeu tanto com ele.
Isabel não consegue tirar Enrico da cabeça
e comete a besteira, ou não, de pegar o número de telefone dele e através do
pseudônimo de Pecadora passam a trocar mensagens no WhatsApp. Mas não pense que
essas mensagens são baseadas na questão sexual. Tudo começa com uma verdadeira
confissão e logo os dois estão tratando sobre temas mais profundos que passam
até pela filosofia. Mas os sentimentos vão ficar mais confusos e difíceis de
esconder quando Isabel vai trabalhar na agência publicitaria de Enrico, claro
que sem ele saber que ela é a Pecadora.
“Olhar para ele, estar em sua companhia, já não era fácil antes. Como seria agora qye somente eu sabia que tínhamos nos falado mais? Que no segredo de um confessionário virtual, eu era a Pecadora?” Pg. 113
De cara o diferencial desse livro,
comprando com outros da autora, é que temos menos cenas de sexo. Claro que Nana
Pauvolih manteve sua mágica de tornar a trama sensual e viciante, mas nada
comprado com seus outros livros. Em Pecadora, veremos uma mulher aflorando e
questionando até onde ela está errada e até mesmo porque é tão reprimida pela
religião.
Isabel tem consciência de que comete
pecados, mas também que outras questões são exageradas, como a forma de se
vestir, não poder cortar o cabelo e de não ter voz dentro de casa. Aos 22 anos,
ela nunca saiu com amigos, nunca usou uma calça jeans e mesmo a três anos casada
nunca teve prazer com o marido.
Quando começa a conversar com Enrico ela
vai se despertando para o mundo cada vez mais e percebendo que aquela vida não
é a que ela quer, mas sabe que ao tomar uma atitude as consequências serão
devastadoras para ela.
Existem os mais diversos tipos de pessoas
religiosas e apesar de não ter conhecido nenhum do nível de como a família de
Isabel é, vi comentário de alguns leitores que confirmaram já ter lhe dado ou
visto esse nível de fanatismo.
Uma coisa que gostei muito é que a autora
trouxe muito respeito por estar lidando com um tema tão complicado como a
religião. Isabel não é o tipo que peca e liga o botão do dane-se para sua fé. A
todo momento vemos uma mulher perdida entre o que está fazendo e tentando
entender o porquê aquilo é errado, por que desejar ter prazer com seu próprio
marido é algo sujo, uma mulher que além de tudo isso, podemos ver que não
viveu, não teve uma juventude saudável e muito menos amigos.
Isabel é isolada, não sabe em quem confiar
e após a irmã ter sumido no mundo, não tem uma confidente. E ela encontra em
Enrico essa pessoa com quem pode conversar sem ser julgada pelo que pensa e
sente.
Por se tratar de um livro erótico, não
ache que Enrico faz o tipo que estamos consumadas a ver. Antes de ler achei que
o romance entre ele e Isabel seria baseado realmente na infidelidade, mas não
há isso. O controle que ambos tem dos sentimentos é muito grande, mas claro que
em determinado momento é impossível reprimir os sentimentos. Mesmo assim não acho
que os leitores irão condenar isso, devido aos fatos que vão ocorrendo na
trama.
Pecadora dá muita conversa e até me
questiono se não cheguei a ser muito detalhista com algumas coisas nessa
resenha e que alguns possam considerar spoiler. Mas acredito que não revelei
nada de muito relevante. O final é em parte previsível e gostei muito de uma
coisa que Nana fez, mas que só poderia discutir com quem já leu.
Mesmo se tratando de um livro erótico,
achei que a autora trouxe uma bela mensagem de que não devemos nos reprimir
totalmente por causa de nossa fé. É possível sim viver uma vida plena mesmo
tendo numa religião, mas que além de tudo o livro mostrou que nem por
discordarmos do radicalismo dos pais de Isabela, devemos condená-los por isso.
Cada um tem sua fé e ver as palavras da Bíblia de sua maneira basta um
respeitar o outro acima de tudo.
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