[Resenha] Quando Finalmente Voltará a ser Como Nunca Foi - Joachim Meyerhoff

Título: Quando Finalmente Voltará a ser Como Nunca Foi

Título Original: Wann wird es endlich wieder so, wie es nie war

Autor: Joachim Meyerhoff

Páginas: 352

Editora: Valentina

ISBN: 9788565859974

Ano: 2016

Sinopse: Isso é normal? Crescer entre centenas de pessoas com deficiência física e mental, como o filho mais novo do diretor de um hospital psiquiátrico para crianças e jovens? Nosso pequeno herói não conhece outra realidade - e até gosta muito da que conhece. O pai dirige uma instituição com mais de 1.200 pacientes, ausenta-se dentro da própria casa quando se senta em sua poltrona para ler. A mãe organiza o dia a dia, mas se queixa de seu papel. Os irmãos se dedicam com afinco a seus hobbies, mas para ele só reservam maldades. E ele próprio tem dificuldade com as letras e sempre é tomado por uma grande ira. Sente-se feliz quando cavalga pelo terreno da instituição sobre os ombros de um interno gigantesco, tocador de sinos. Joachim Meyerhoff narra com afeto e graça a vida de uma família extraordinária em um lugar igualmente extraordinário. E a de um pai que, na teoria, é brilhante, mas falha na prática. Afinal, quem mais conseguiria, depois de se propor a intensificar a prática de exercícios físicos ao completar 40 anos, distender um ligamento e nunca mais tornar a calçar o caro par de tênis? Ou então, em meio à calmaria, ver-se em perigo no mar e ainda por cima derrubar o filho na água? O núcleo incandescente do romance é composto pela morte, pela perda do que já não pode ser recuperado, pela saudade que fica - e pela lembrança que, por sorte, produz histórias inconcebivelmente plenas, vivas e engraçadas.

 

Sabe quando um livro te surpreende de forma inesperada? Quando uma história toma uma parte do seu coração para ela e ali ela fica guardada para sempre? Talvez por eu querer enxergar cada vez mais fundo em todas as coisas, que acabo por ler, esse sentimento de identidade encontrada em palavras soltas de um livro me tome com mais frequência.

A proposta do livro soa simples e de cara não chama muito a atenção, apenas por sua sinopse. No entanto a forma como tudo acontece durante a história e como tudo se desenvolve em seu tempo acaba por conseguir um lugar cativo no coração do leitor. Como num diário, nosso protagonista Josse conta a história de sua família nada convencional, começando pelo fato de que eles vivem nas proximidades de um hospital psiquiátrico e o pai dele é o chefe da instituição. Josse cresceu cercado pelas loucuras daquele lugar junto aos seus irmãos mais velhos e sua cadela.

Tudo que acontece com Josse é muito importante para ele, cada mínimo detalhe de uma situação tem seu universo explorado, cada situação leva Josse ao aprendizado de uma infinidade de coisas que fazem parte dele, que o constroem. A família tenta viver num contexto de normalidade, apesar de estarem tão longe do que nós leitores conhecemos por normal. Eles se esforçam para lidar com coisas comuns, sonhos distantes, com a convivência, tudo isso enquanto ao seu redor existe nada além de loucura.

Mas para Josse tudo aquilo é a realidade, é o normal dele e isso faz com que ele cresça de uma forma muito pura, entendendo aos poucos que a loucura talvez não seja tão assustadora e que viver ali é parte de quem ele se tornará mais na frente. A forma como o autor deixa tão realista, que uma criança mostra seu ponto de vista sobre a loucura e a vida de um modo geral é magnífica. O leitor consegue ver pelos olhos da criança e ao mesmo tempo fazer um contraste com aquilo que sua própria mente entende. No final, a pergunta que nos é apresentada logo na capa do livro é o que queremos responder ao seu final.

"A loucura está do lado de dentro ou de fora?"