03 fevereiro 2018

[Resenha] Yaque Delgado Quer Quebra a Sua Cara - Meg Medina

Título: Yaque Delgado Quer Quebra a Sua Cara
Título Original: Yaqui Delgado WantstoKickYourAss
Autora: Meg Medina
Páginas: 272
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580577150
Ano: 2015

Onde Comprar: Amazon / Saraiva

Sinopse: Uma garota surge de repente no caminho da adolescente Piddy Sanchez para avisá-la de que Yaqui Delgado vai acabar com ela. Piddy acabou de mudar de escola e nem faz ideia de quem seja Yaqui, muito menos do que pode ter feito de tão errado para apanhar. Mas Yaqui sabe quem ela é, e a odeia.
Piddy Sanchez não tem descanso. Ser filha de uma imigrante cubana nos Estados Unidos e crescer sem pai já era bem difícil sem ter alguém a odiando. No ensino médio da nova escola, seu corpo atraente desperta tanto os olhares dos meninos quanto o da esquentada Yaqui, que começa atacando a novata com ameaças cruéis, mas demonstra ser capaz de muito mais que isso, tornando a vida de Piddy um verdadeiro inferno dominado pelo medo. Denunciar Yaqui não é uma opção. Fugir não adianta. O importante agora é sobreviver.
O romance explora a questão do bullying nas escolas e fala de violência doméstica, assuntos que vêm sendo cada vez mais discutidos atualmente, por afetar muitas crianças e adolescentes.


Yaqui Delgado Quer Quebrar a Sua Cara até cansa falar o nome desse livro e se o efeito dele era atrair a atenção dos leitores com certeza conseguiu, afinal todos queremos saber o que levou Yaqui a querer quebrar a cara de alguém. De certo modo podemos até pensar que a tal Yaqui é a protagonista da história, mas não caros leitores, ela não é.

Piddy Sanchez acabou de mudar de bairro, tudo gerado por um acidente com a mãe na escada do antigo prédio em que moravam. A mudança não foi apenas de casa, mas também de escola. Nos Estado Unidos, o local em que um jovem estuda é determinado por um mapeamento do bairro onde se mora e a escola mais próxima. Para o azar de Piddy sua nova casa é bem próxima do colégio Daniel Jones High. E como já não bastasse tanto azar uma tal Yaqui que quebrar a cara dela e Piddy nem mesmo sabe quem é essa garota.

Narrado pela perspectiva de Piddy, vemos a construção do medo de um inimigo que a princípio nem sabemos como ele é. Mas não é difícil saber como é esse medo. Sabe quando você sai na rua e tem consciência do perigo de que pode ser assaltado? Você não saber quem podeser o assaltante e as vezes ser roubado e só perceber de depois que já aconteceu. É assim que a protagonista se sente em boa parte da trama, porém ela usar de algumas artimanhas para pelo menos tentar ter um pouco de vantagem para se defender.

Vinda de uma família latina, mãe cubana e um pai dominicano desaparecido, além dos problemas na escola, Piddy ainda tem que lhe dar com uma vida humilde. Sua mãe trabalha dia e noite no estoque de uma loja de eletroeletrônico fazendo muito trabalho pesado e seu pai sumiu antes de seu nascimento. A identidade do pai é um mistério para a protagonista, já que sua mãe destruiu todas as fotos dele.

Sua confidente e melhor amiga também se mudou e vive momentos maravilhosos em sua nova escola e morando em um bairro de classe mais alta. Apenas resta como apoio para Piddy a melhor amiga de sua mão, Lila. Mesmo assim, a personagem esconde a sete chaves o terro que vem passando na nova escola.

“Nunca fui tão cruel com ela, mas o que quero é fazê-la se sentir um lixo. Preciso da companhia dela aqui no fundo do poço, onde talvez ela possa me abraçar e me dizer que está tudo bem.” Pg. 93

Esse é o primeiro livro da Meg Medina publicado no Brasil e não poderia ter começado de forma melhor. O livro traz um enredo em que o bullying é iniciado por uma coisa tão banal, o corpo de Pidddy e o jeito que ela anda. Isso nos faz perceber algo que é muito comum em nosso dia-a-dia, o quanto o jeito de ser dos outros e até nosso mesmo pode incomodar algumas pessoas e gerar uma violência sem sentido. O ápice do bullying me fez chorar muito pela Piddy pela humilhação que passou.

Medina perfeitamente traz as consequências dessa perseguição e o quanto o bullying pode ser notado sem a vítima precisar falar.Piddy sempre teve um curriculum escolar impecável, mas com as perseguições seu rendimento cai, porém não há uma conversa para tentar entender a situação, mas uma cobrança de melhoras, principalmente por parte da mãe.

No meio de tudo isso a autora ainda traz uma pitada de romance, que gostei muito, mas deixou com um gostão de quero mais. Acompanhamos de perto o surgimento do primeiro amor de Piddy pelo seu ex-vizinho Joey. Esse personagem também traz seu lado dramático, já que apesar de basicamente o livro ser centrado no bullying a autora ainda deu uma pincelada na violência doméstica. Acho que Joeymerecia um livro só dele, pois, o assunto foi abordado superficialmente e eu senti que ele ainda não teve seu final feliz. 

Joey e Piddy são muito fofos, acho que super merecem um livro também com foco nesse romance.

“Quando o trem volta a mergulhar na luz do dia, ainda estou sem fôlego de medo e de algo que pare amor” Pg.191

Não esperava gostar tanto desse livro e odiar tanto uma pessoa (Yaqui), mas esse ódio no final acaba virando pena. Já que como é uma constante dospraticantes de bullying, eles se sentem incomodados com coisas fora do seu controle e com o fato de existirem pessoas melhores e com mais potencial que eles. O livro também deixa a mensagem de que é preciso perder o medo de contar alguém o que nos aflige. Podem nos considerara fracos por isso, mas com certeza estaremos mais seguros.

Avaliação:



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